O plano era simples: uma garrafa de uísque e meus medicamentos de rotina... Ia passar a tarde e até onde desse conversando com pessoas que considero e tomando tudo lentamente... O objetivo era dormir e não acordar mais, ou não acordar aqui, nessa realidade... Acordar em algum outro lugar, onde tudo já estivesse resolvido e não precisasse mais ter que existir dor e sofrimento... Mas dizem que a dor e o sofrimento ia ficar de qualquer forma, que ele não iria comigo, ia ficar na minha ausência, na minha não presença material aqui nessa realidade. Quem ia sofrer com isso? Eu acredito que ninguém... Dizem que vão sentir minha falta, mas eu não acredito muito nisso... Todos foram descansar de mim, estão cansados de mim, dos meus assuntos, de quem eu sou: fraco, frágil, melancólico e pessimista... Uma amizade tóxica como dizem nos dias atuais... Quem quer ficar perto e ajudar uma pessoa assim, nem os profissionais que me tratam eu sinto empatia, é como se eles estivessem fazendo o que lhes és obrigado a fazer, não por amor a vida, mas pelo amor ao dinheiro que ele ganha por ser um profissional dessa demanda que tem muita procura, o mundo inteiro está doente da cabeça e ninguém se importa com isso, está todo mundo buscando se matar, mas se matem lentamente, em pequenas doses diárias de lamentações, e de falsas esperanças que as coisas irão se tornar melhores e com mais vida, com mais humanidade... O que somos nós, humanos, além de um câncer no Universo que vive em expansão, e nós humanos em declínio, destruindo o que quer se expandir, destruindo o que é eterno, o que vai ficar... Pois nós seres humanos estamos aqui de passagem, e achamos que somos donos de nossa vida... Ela é apenas um empréstimo, uma passagem para que possamos tornar esse Universo mais eterno... De agora em diante o que me resta é diminuir meu tempo nessa realidade... Não tem muito o que fazer, já faço tudo que tem que ser feito, e isso tudo me deixa ruim, pior, sem melhoras... Só aumenta meu desejo e mata a minha esperança... A forma que eu quero viver é destrutiva aos que estão ao meu lado, e a vida que tenho ao lado das pessoas que amo é destrutiva pra mim mesmo... Até quando isso vai ser assim? Ontem tive a certeza que muitos de mim estão em conflito, uns querem umas coisas e outros querem outras... Será possível que todos fiquem em paz uns com os outros, todos satisfeitos nesse corpo... Ou vai ser uma chacina interna, uns matando os outros e vai sobreviver só um... Talvez essa guerra leve à morte do corpo, e assim essa guerra saia sem nenhum vencedor... Um corpo morto de várias vidas que deseja viver de formas e jeitos diferentes... O Pai, O Companheiro, O Amigo, O Amante, O Jogador, O Ciclista, O Filosofo, O Escritor, O Verdadeiro e O Falso... Todos dentro de um Corpo que não tem voz e muitas vezes se cala pois não sabe quais dessas pessoas estão falando... Será que existe uma língua que possa falar por todos, ou só o silêncio das atitudes de cada um?... Enfim, mais um primeiro dia de últimos dias que virão...
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