Concreto

Nas águas onde os peixes dançam, na mata onde as onças caçam, no céu que as araras cruzam, e nos lagos onde as garças sonham — a vida insiste, mas os ratos já não vivem, as baratas resistem, mas dragões dormem, escondidos no frio úmido de suas cavernas. O inverno vem, e o povo clama, mas a fé se perde entre o gelo e a fome. Minha lâmina cega, minhas mãos vazias, nove andares acima, nove metros abaixo, nenhuma saída me resta. A estufa de sonhos arde na ausência, onde teu mel já não amanhece nem se dissolve no anoitecer. As palavras tropeçam antes do destino, mas como tudo não passa de um diário esquecido, que fiquem com vocês as histórias que não soube terminar..

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é importante para mim!