Meu Nome do Escuro

Olho para dentro de mim e vejo o que não sei dizer. Talvez seja um vazio, talvez seja um medo disfarçado de ausência, mas sei que lá, no fundo, há algo que pulsa — uma força que, por vezes, tento ignorar. Porque se eu olhar para ele com mais clareza, talvez eu não consiga mais sair. Este abismo que tanto me apavora e tanto me atrai, esse lugar onde o escuro se mistura com o silêncio, e a solidão se torna uma companhia incômoda, mas fiel. Vejo o que sou nas sombras de mim mesmo, no que eu não falei, no que deixei de fazer, no que neguei com medo de ser. Sou o eco de um nome que talvez nunca tenha sido pronunciado de verdade, o nome que carrego, mas que ainda não sei dizer ao mundo. Não posso temer o abismo, porque ele é parte de mim, ele me molda, me revela. A cada vez que me afasto, ele me chama mais forte, como um eco distante que nunca se apaga, uma dor que se transforma em sabedoria. Não tenho respostas, mas tenho a certeza de que a vida que busco, a felicidade que desejo, só podem ser encontradas se eu aceitar, de uma vez por todas, o que o abismo tem para me ensinar. Não sou o que vejo no espelho, nem o que os outros veem. Sou o que não foi dito, o que ainda está por ser vivido. E é nesse escuro, nesse silêncio, que talvez eu encontre a minha verdadeira luz. Porque, afinal, o que é o medo, senão o reflexo de um nome não pronunciado? E talvez, ao dizer meu nome no escuro, eu possa finalmente entender quem sou.

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