Transições Silenciosas

Há coisas que só se revelam no escuro — e mesmo assim, iluminam por dentro.. E é assim, sem pressa, sem aviso, que certas mudanças chegam.. Não rompem portas, não derrubam muros.. Apenas entram.. Se ajeitam num canto do peito e sussurram: Você não é mais o mesmo.. E talvez seja isso o mais assustador — não o barulho do novo, mas o silêncio do que já começou a mudar.. A gente caminha por dentro.. Lento.. Sentindo o chão que range, o corpo que pesa, a alma que escorrega em lembranças.. Há ciclos que se encerram sem barulho, mas deixam marcas que salvam.. Feridas que viram farol.. É tentador querer entender tudo agora.. Colocar nome, cor, data e hora nas sensações.. Mas o tempo da alma não é o mesmo dos relógios.. Nem tudo precisa de explicação — só de espaço.. Só de presença.. O passado tenta, vez ou outra, atravessar as janelas do pensamento.. Traz perguntas.. Traz imagens.. Traz culpas.. Mas já não encontra abrigo.. Não por desprezo, mas por maturidade.. Porque hoje, algo em mim escolheu seguir mesmo sem mapa, mesmo com medo.. Não se trata de esquecer o que doeu, mas de acolher o que ficou.. O que se aprendeu.. O que virou ponte.. O que é real não se perde.. E assim, nesse silêncio cheio de significados, Eu sigo.. Cuidando da luz que ainda não enxergo, mas sinto.. Porque caminhar com intenção é, também, uma forma de fé..

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