SUSPENSO

Nem todo silêncio é ausência.. Nem toda ausência é desinteresse.. Às vezes, o que parece vazio é, na verdade, espaço — espaço de escuta, de cuidado, de um tempo interno que precisa respirar.. Porque há momentos em que a alma pede silêncio como quem pede socorro.. Como quem, no meio do barulho, tenta escutar a si mesma.. E nessa hora, qualquer palavra é peso.. Qualquer cobrança soa como tropeço.. É que o silêncio carrega respostas que não cabem na lógica, só na pele.. Tem gente que silencia para não ferir.. Tem gente que cala para não explodir.. E tem aqueles que simplesmente não têm mais palavras, porque tudo já foi dito, tudo já foi chorado, tudo já foi sentido.. Mas o mundo não entende isso.. O mundo quer presença constante, explicação rápida, justificativa a cada passo.. O mundo, às vezes, não sabe amar o silêncio do outro — só o seu próprio eco.. E é aí que mora o ruído.. Porque quem sente de verdade, escuta até o que não foi dito.. E reconhece nos olhos o que falta nas frases.. Então, se Eu me calar, não se assuste.. Pode ser que Eu esteja em processo.. Pode ser que Eu esteja tentando encontrar o meu próprio som no meio da confusão.. Pode ser que o silêncio seja meu jeito de ainda estar aqui.. Nem todo silêncio é vazio.. Alguns carregam o peso do mundo, outros o descanso da alma.. Alguns são muros.. Outros, pontes.. E há aqueles que são preces — sussurradas dentro da gente, como um sopro de algo que ainda pulsa, mesmo que ninguém escute..

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